Quer publicar artigos de graça? Saiba tudo sobre revistas modelo diamante

As revistas científicas foram criadas como espaços de validação e circulação do conhecimento acadêmico. Em teoria, cumprem a função de dar visibilidade a descobertas, fomentar o debate entre pares e permitir que a ciência avance. Contudo, o conhecimento, que em tese deveria ser gratuito, ainda custa muito caro.

Porque revista cobram para publicar?

Em revistas sérias, antes de ser publicado, o artigo passa por um processo chamado de revisão por pares (peer review), no qual especialistas da área analisam o trabalho, apontam falhas, sugerem melhorias e decidem se ele está apto a ser divulgado. Esse filtro é o que garante a qualidade e a confiabilidade do que se publica.

Porém, assim como não existe almoço grátis, esse processo envolve custos relacionados ao trabalho de editores, pareceristas e equipe técnica, além do uso de sistemas de submissão, ferramentas de detecção de plágio, diagramação, publicação online, atribuição de identificadores únicos (como DOI) e arquivamento digital.

Como muitas revistas não contam com financiamento público ou institucional, recorrem às chamadas APCs (Article Processing Charges), ou seja, taxas cobradas dos autores para viabilizar o ciclo editorial. Dessa forma, o autor não paga pela publicação do artigo em si, mas sim para manter a revista funcionando – isso, claro, no melhor cenário.

Existem revistas gratuitas para publicação?

Sim, existem revistas científicas boas, gratuitas e confiáveis, tanto para ler quanto para publicar!

Essas revistas fazem parte do que chamamos de acesso aberto (open access), um modelo de publicação científica que permite que qualquer pessoa leia, baixe e compartilhe os artigos gratuitamente, sem barreiras de pagamento ou assinatura.

Antes de tudo, é importante entender:

Dentre os modelos de acesso aberto, destaca-se o acesso aberto diamante (💎), em que:

• O autor não paga para publicar.
• O leitor não paga para acessar e ler.
• O custo da revista é viabilizado por apoio institucional, de universidades, órgãos públicos ou sociedades científicas, que assumem os custos para garantir o acesso aberto, sem repassar despesas a autores ou leitores.

Porque nem toda revista é de acesso aberto diamante?

Nem toda revista consegue operar no modelo diamante, pois ele exige financiamento institucional contínuo – algo cada vez mais raro em países que enfrentam cortes recorrentes na ciência, como o Brasil. Assim, nesse cenário, muitas revistas acabam recorrendo à cobrança de taxas dos autores (APCs) para não encerrar suas atividades.

Mas se existem revistas de acesso aberto diamante, por que eu deveria publicar em revistas que cobram?

A resposta para essa pergunta não é simples, nem deve servir para desvalorizar o modelo diamante, que é, sem dúvida, o caminho mais justo e necessário para a ciência. Porém, a realidade acadêmica nem sempre acompanha esse ideal.

Muitas áreas do conhecimento ainda têm poucas revistas diamante consolidadas, especialmente aquelas que exigem visibilidade internacional. Em alguns campos, as revistas mais bem avaliadas nos sistemas de pontuação acadêmica (como o Qualis ou o Fator de Impacto) são justamente aquelas que cobram, uma vez que o processo para manter a qualidade e as indexações é extremamente burocrático e custoso para a revista.

Além disso, publicar em revistas com APC pode ser uma decisão estratégica para quem precisa de visibilidade, pontuação em editais ou reconhecimento acadêmico, especialmente quando essas revistas estão bem posicionadas em bases de indexação internacionais, como Scopus ou Web of Science.

Cuidado com as revistas predatórias!

Nem toda revista gratuita é boa. Algumas cobram taxas escondidas, prometem publicação rápida e não fazem revisão por pares de verdade.

Leia o nosso texto “Revistas predatórias: o que são e como evitar?” para evitar cair em uma furada.

Como encontrar revistas de acesso aberto diamante? Conheça o Buscador da UNAM:

Pensando na dificuldade que muitos pesquisadores enfrentam para encontrar revistas científicas que publiquem sem cobrar taxas, a Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) desenvolveu o Buscador de Revistas Diamante. Essa ferramenta foi criada para facilitar a identificação de periódicos que seguem o modelo de acesso aberto diamante.

Com uma interface simples e intuitiva, permite filtrar as revistas por título, ISSN, editora, área e subárea do conhecimento, além de região, país e idioma de publicação. Ao pesquisar, o sistema informa se a revista está indexada em bases como Scopus e Web of Science, e exibe métricas como CiteScore, Fator de Impacto (JCR) e SJR, quando disponíveis. Em alguns casos, também apresenta o tempo médio entre submissão e publicação, o que pode ajudar na hora de escolher a revista ideal para você.

1. Acesse o site oficial do Buscador Diamante

Acesse o link oficial: https://digitalab-ssie.unam.mx/acuerdos/buscador_diamante

2. Entenda os filtros disponíveis

• Revista: Digite o nome completo ou parcial da revista.
• ISSN: Digite o International Standard Serial Number (ISSN) da revista.
• Editor: Selecione uma editora da lista.
• Categoria e Subcategoría: Escolha a área do conhecimento da revista (ex: Medicina e Ciências da Saúde).
• Região: Selecione uma ou mais regiões geográficas.
• País: Selecione um ou mais países.
• Idioma de Publicação: Escolha o(s) idioma(s) que a revista publica.

Atenção: Toda revista que segue boas práticas editoriais apresenta o ISSN de forma clara em seu site; se não, você pode consulta-lo no portal: https://portal.issn.org/.

3. Realizando uma busca simples

Para iniciar as buscas, primeiro você deve clicar no botão “Buscador”.

Após clicar, descendo um pouco a página, você encontrará as opções de filtros apresentadas no passo 2.

Vamos supor que você deseja encontrar revistas da área da Saúde.

Primeiro, clique no menu suspenso Categoria e escolha Medicina e Ciências da Saúde. Em seguida, clique em Buscar.

Serão exibidos até 15 resultados por página. Você pode clicar no ícone de cor verde (+) para expandir e ver mais informações sobre cada revista.

4. Refinando a busca

Você também pode combinar filtros para refinar a busca, por exemplo:

• Categoria: Medicina e Ciências da Saúde
• País: Brasil
• Idioma: Português

Depois clique em Buscar para obter revistas que se encaixem nos três critérios.

Se forem encontrados muitos resultados, você pode ainda utilizar o campo “Filtrar por” para digitar termos específicos que apareçam na lista de revistas, como por exemplo, uma parte do título da revista ou da editora, o país, a categoria, etc.

5. Reiniciando a busca

Para limpar todos os filtros e iniciar uma nova pesquisa, clique em Reiniciar.

6. Baixando a lista em formato CSV

Se preferir, você pode baixar a lista de revistas resultante em formato CSV (planilha), clicando no botão:

Assim, você poderá analisar, filtrar e organizar as revistas da forma que preferir – mesmo offline.

7. Atenção: Nem tudo que reluz é diamante!

Fique atento ao avaliar onde submeter seu artigo. Algumas revistas aparecem como acesso “diamante”, mas na prática pertencem a editoras comerciais que podem cobrar taxas indiretas. Esses casos são sinalizados pela ferramenta com o aviso “Editorial comercial” e destacados em vermelho na lista de resultados.

As revistas identificadas dessa forma também podem ser consultadas diretamente na lista em PDF disponibilizada pela UNAM: clique aqui para ver.

8. Acesse o site oficial da revista

Ao clicar no título da revista (em azul), você será direcionado ao seu site oficial.

Leia com atenção as informações disponíveis para confirmar as políticas editoriais e os formatos de submissão.

Fonte das imagens: Buscador de Revistas Diamante – UNAM